O cocheiro do garoto, ainda estava lá, e por audácia estupida adentrou o escritório, dizendo:
- Senhor... Eu não iria abandona-lo, ainda mais nessa hora de extrema dor...
- Você é um idiota mesmo... Sempre foi.
- Senhor eu não me vejo assim, pois sempre vi seu senso de justiça e amor desde seu primeiro entendimento do mundo.
- Para um cocheiro usa palavras complicadas...
- Para um garoto de 13 anos pensa demasiadamente exagerada.
- HAHAHA! Estúpido...
- Senhor o que fará agora? eu apoiarei.
- Começarei a purificação deste país...
- Como?
- Confiarei em você e sei que irá me ajudar, pois era apaixonado por minha mãe.
- Senhor?!
- Acha que não sei, acha que não percebia, acha que não via nos seus olhos a raiva de ter descoberto que meu pai tinha desonrado o nome de uma mulher perfeita em todos os sentidos?!
- O senhor é estranho.
- As circunstâncias me forçaram a isto... Mas me responda... Você acha que eu não percebia tais fatos?
- Achava...
- HAHAHAHA! Riu, pela ingenuidade que adquiriu, riu, pois até um bebê sabe e faz escândalos quando vê a mãe sendo assediada por um outro homem que não seja seu pai...
- Então peço perdão...
- Não é necessário, pois agora percebo que preciso de alguém leal, posso confiar em você?
O cocheiro se ajoelhou e disse como todo inglês que saúda sua saudosa e majestosa rainha:
- Com toda a certeza do mundo, pode confiar em mim, não importa o que!
- Essas palavras me enobrecem, mas apesar de tudo, vou ser visto como um demônio... Erga a cabeça e escute a empreitada que aceitou – O cocheiro ergueu a cabeça e o pequeno garoto precoce, retomou a palavra com seu discurso puritano – O mundo não precisa de pecados, o mundo não precisa da dor que estou sentindo, não! O mundo precisa de amor, é amor que vou oferecer ao mundo...
- Como?
- Preste atenção... Tenho planos, matarei as vadias de rua, as destruidoras de lares e você fará parte dessa peça como o assassino...
- Como?
- Só sabe fazer perguntas cocheiro, você é forte, jovem, aparenta apesar de tudo ser um homem rico, não haverá relutância por parte das vacas quando ver quem vai abatelas, é perfeito... Falando nisso, peço que estude anatomia.
- Para que?
- Prostitutas não precisam do útero no inferno.
- Você tem mesmo 13 anos?
- Minha idade não diz nada! - se exalta – Obrigaram-me jogar fora a juventude! Obrigaram-me!
- Senhor...
- Tiraram meu pai, minha mãe, acabaram com minha alegria, pelo que, prazer carnal, pelo mundo! Mais eu arrastarei, eu jogarei todos esse mundanos imundos ao inferno! Como disse eu purificarei a Inglaterra! E agora pelo amor de Deus, ouça-me sem interromper!
- Desculpe-me, compreendo sua dor...
- Eu sei... Todos compreendem... Mas continuando, estude afinco anatomia, seja ágil e traga para mim os utensilio de cada assassinato! E também, siga as instruções de meu mapa, forme uma cruz em East End com os assassinatos, quando for necessário avisarei para escrever uma mensagem usando giz branco em alguma parede do pedaço do inferno na terra, faça como eu mandar, que conspirações e loucos serão alvo das suspeitas, mas nós, jamais, pois Deus vê nossa boa intenção...
- Você fala como um inquisidor...
- Eu sei, pois eu serei o santo inquisidor da Inglaterra, pois Deus salva a terra da rainha.
Os olhos do garoto borbulhava em labaredas de fogo, como o cenário do escritório, apesar da fumaça entoxicante, o garoto estava tão firme em sua “missão”, que nada ali o sufocava, mas o cocheiro, rapidamente, depois de ter aguentado o máximo para ouvir seu senhor, saiu daquele escritório correndo e foi contagiado pela loucura do garoto, os dois Jack estavam no palco, as cortinas vermelhas do grande teatro chamado vida, se abriria para o espetáculo da insanidade, guiados pela honra, amor e justiça, o primeiro serial Killer da história do mundo, poderia ser o maior herói da Inglaterra!
Descendo as escadarias da mansão se direcionando a sua carruagem, o cocheiro seguia proclamando algumas palavras:
- Este garoto... Eu tenho dó da sua alma, mas não me resta escolhas ao que devo fazer, pois será divertido ver o desatar dessa história – ele se posicionou na carruagem e rumou até a biblioteca mais próxima – Eu apesar de ter medo, de não gostar nada da leitura, também quero vingança pela morte da minha dama inalcançável e prometi ao garoto – suspirou – Espero que conhecimento masticado e digerido as pressas sirva de alguma coisa...