sábado, 28 de janeiro de 2012

Um garoto ou um demônio - Prólogo

Prólogo...

Começo do ano de 1888, Inglaterra, Londres, cemitério... Cenário tipico de lendas com caracter vitoriano, atmosfera triste apagada, e um garoto, desolado, triste, chorando sobre lápides com vestes pretas, deixando a chuva bater em seu rosto e escorrer pelas bochechas pálidas, misturando-se com as lágrimas, ele tinha apenas treze anos e perderá o pai pelo adultério, a mãe desonrada pela nação que a prendia na teia dos bons costumes, não aguentou a vergonha e deu como ultima lembrança ao seu filho, sua morte, na frente do menino que entrava na adolescência, mas via a fase adulta roubar-lhe a cena... Órfã pelo adultério, sozinho, felizmente, rico, mas as moedas frias não iam dar-lhe os calorosos abraços de boa noite que seus pais o dava, lágrima rolavam e o ódio acabará de nascer no coração do garoto... “Prostitutas!” era a resposta, “Prostitutas”, ele gritará para os fantasmas de sua mente, “Se ao menos não houve-se no mundo tais pessoas, tais serpentes, pecadoras iníquas, sujas, famílias seriam salvas da destruição!” pensava o garoto pressionando os lábios e batendo a bengala contra o chão... “Se não fosse...” assim brotará na mente do menino a sede de sangue.
Passos se aproximavam ele logo fingiu calma, como era rico tinha boa educação, estudara forçadamente todo tipo de ciência e arte, seu pai orgulhava-se do conhecimento teórico que deu ao seu bebê, portanto assim, como um ator se portou, enxugando as lágrimas, virando-se, vendo em sua frente o inspetor Abberline.
- Olá... - Indagou como um suspiro.
- Sei de sua dor...
- Inspetor não devia me escoltar, posso ir só para casa...
- Não seria justo...
- Não seria Justo! – Gritou o garoto interrompendo o inspetor – O que entende de justiça senhor policial? A noite antes dessa patifaria que chamam de velório, me revirei em minhas cobertas, perguntando se há justiça no mundo!
- Senhor...
- Não me interrompa! - gritou mais uma vez – Abberline, olhe para você, veja sua face, ditando ao mundo palavras belas de ordem e justiça, mas o que faz? Escolta para casa um lorde precoce... Enquanto ao seu nariz imundo, o cheiro lhe invade e infesta a podridão no próprio distrito e me vem falar de “ser justo”, não há justiça... - Começando a andar – Mas – Voltando o rosto com um pequeno sorriso ao inspetor – Mas, grave minhas palavras, haverá no mundo justiça!
O garoto foi embora, Abberline sozinho na frente dos túmulos, sem reação e movimento, disse a si mesmo:
- Este garoto... Tem mesmo 13 anos?
Na carruagem indo para a casa... O garoto sorria e pedia que seu cocheiro passa-se em East End, para que pudesse conhecer toda a área e mapeá-la, ele olhava as ruas com desdém, mas tudo era gravado em sua mente e anotados minunciosamente no seu caderninho, um tipo de diário, tudo o que via, sua inteligência era sob-humana... Feito isto, ele pediu ao cocheiro que o lava-se para casa, uma mansão, não muito longe daquela podre região.
Já na mansão, o garoto correu para o escritório e com um sorriso malicioso, dizia friamente:
- Nada que minha família construiu vai para o futuro, o mundo não precisa de manchas, não mais – chegou na porta do escritório a abriu com brutalidade – Documentos – prosseguiu dizendo – textos, negócios, nada me interessa. A única coisa que me interessa agora é este meu diário – Pegou do bolso de seu sobre-tudo e reparando um candelabro de ouro com suas sete velas acesas, aumentou o sorriso e com o fogo das velas começou a incendiar o escritório, os empregados da casa correram até o local, avistando o garoto rindo, eles ameaçaram chamar as autoridades, mas ele gritou – Eu libero vocês dessa escravidão se nada dizerem aos estranhos!
Os empregados assustados sorriram e agradeceram, abandonando a casa e o garoto insano, ele no meio das chamas sentou na poltrona vermelha com detalhes dourados e patas de leão, observando o fogo tomar posse do cômodo, e, estranhamente, só do cômodo, ria mais alto e soluçava ao mesmo tempo que dizia as palavras mais medonhas para um garoto de sua idade...
- A partir deste momento, a Inglaterra virá o inicio de uma nova era, a partir de agora, o fogo queimará os impuros, como queimo a honra que papai devastou com o adultério, depois se dizia um cristão, o coitado transformou o império de uma família em lixo... East End, Whitechapel, será iluminada por minha graça...
Assim, a loucura tomou conta do pequeno garoto, que não via mais como crescer sem o saciar de sua vingança, assim nasce “Jack – o estripador”.